quarta-feira, 4 de março de 2009

Que ves?

Ontem estava a trabalhar e aconteceu uma situação que me deixou a pensar bastante.

Entrou um senhor na loja de telemóveis (celulares) que trabalho e disse-me (aos gritos) assim:
- Quero um telemóvel topo de gama!!! (antes de dizer boa tarde ou qualquer tipo de saudação inicial possível)
Eu mostrei-o alguns telefones com as melhores características que são os com preços mais elevados, entre os 150 e 400 euros.
Ele entretanto perguntou-me de um modelo que não existe, gaguejou qualquer coisa, não soube explicar o que queria, falou que tinha telefones ruins e foi embora sem nenhum sinal de agradecimento ou até mesmo uma saudação final. (Porque teria se não houve a inicial?)

Enfim! Pensando neste caso lembrei-me de outra situação.

Certo dia estava chegando em outra loja que trabalhava para fazer o turno da noite, e minha colega estava a vender um telemóvel desses tal "topo de gama"...
Reparei que o cliente não sabia bem o que estava levando, mas mesmo assim estava lá a gastar mais de € 300 em um telemóvel.
Depois que o cliente foi embora a minha colega disse o jeito que o cliente entrou na loja.
Ele entrou e perguntou:
- Vocês tem algum telefone com canetinha???
Ela disse que tinha somente um e era esse modelo que ele estava comprando.
Um NDrive com GPS, Windows Mobile, Wi-Fi, Funcionalidades PDA e entre outras coisas a tal "Canetinha" que ele tanto queria...
Comentamos que aquele cliente provavelmente não iria saber utilizar 30% dos recursos que o telefone tinha a oferecer, mas tinha a "canetinha" que era o que realmente ele queria.

Nos dois casos eram senhores bem simples.

Mas o que fiquei pensando nas duas situações foi:
- Isso é um caso de auto-afirmação?

No primeiro caso para mostrar que tinha dinheiro, que não queria nada barato, que não era qualquer um... ou outra situação qualquer. Ou era mesmo uma pessoa que necessita de um telefone com características avançadas.
No segundo caso para mostrar aos outros que tem um telefone avançado, que pode comprar um telefone daqueles, que tem a tal "canetinha". Ou era realmente um cliente que precisa do GPS e navegar na Internet em pontos "wi-fi" espalhados pela cidade.

Se for um caso de auto-afirmação.

Porque as pessoas são assim?
Porque interessa tanto saber o que o outro pensa ao seu respeito?
Porque as pessoas vestem-se, compram, usam isto ou aquilo a se preocupar com a opinião de terceiros?
A nossa sociedade no cobra tanto isso? Ou depende de nós aceitar essa cobrança ou não?!

Graças a Deus existem exceções.
Pessoas que não preocupam-se muito com a opinião dos outros, são o que são, tem a sua personalidade definida e preferem mostrar o que são através de suas palavras e atitudes e não através da marca de roupa que usam. (Obrigado Senhor por fazer parte desse grupo de pessoas)

Encerrando essa postagem eu pergunto:
- O que interessa mais? A opinião do seu espelho (sua) ou a opinião dos outros?

Escrevendo esse texto até lembrei de uma música de um grupo brasileiro chamado Tihuana que chama-se "Que ves?", o refrão dela diz: - "Que ves cuando me ves?".

É interessante olhar para o espelho e fazer essa pergunta a nós mesmos:
"O que vemos, quando nos vemos?"




Era isso pessoal, um abraço á todos!
Até a próxima postagem!


Ps: A música da postagem depois da recordação não podia deixar de ser outra, é mesmo "Que Ves" - Tihuana. (essa foi a melhor versão que achei na net, infelizmente não tinha nenhuma com um áudio bom, essa era a melhor, mas tem esse inicio com a musica My Way -Limp Bizkit que atrapalha um pouco, mas essa introdução com estilo indígena (peruano/boliviano) está muito boa, confira melhor no vídeo clicando aqui).

1 comentário:

Strider disse...

Hoje e cada vez mais estamos numa era consumista e materialista, se o meu vizinho comprou um carro topo de gama com 320 cavalos,,, eu tb tenho de comprar um mas com 400 cv,,, ou se eu não vestir roupa de tal marca que custa os olhos da cara, para não dizer de outro sitio, não se conseguem afirmar perante os outros e perante elas mesmo,,, infelizmente muitas pessoas são classificadas, ou julgam que são classificadas, consoante o carro que andam ou a roupa que vestem, e não dão o devido valor á Pessoa em si... Excelente Post,,, afinal não somos todos feitos de carne e osso, e o nosso "corpo" não acaba em pó como todos os outros,,, afinal Somos todos Um,,, cada qual com a sua personalidade,,,

Parabéns pelo Post,,,

Abraços